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Deslocamento e Mecanismos de defesa na Psicanálise

Deslocamento e Mecanismos de defesa na Psicanálise

Esse artigo tem como base uma visualização que tive de um caso bem nítido de deslocamento de uma avó para seu neto. A avó tratava e internamente via o neto como se fosse filho, inclusive usando a expressão "filho" algumas vezes e tendo atitudes que muitas vezes deixava até mesmo a mãe da criança sem saber como agir.

Percebemos que muito dessas ações da avó se davam pelos problemas que teve durante seu período gestacional e uma maternidade não querida, precoce e imatura que vivenciou.
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Muitas vezes esquecido, vamos entender melhor o que é o deslocamento, mas antes precisamos entender o que é um mecanismo de defesa na psicanálise.

Os mecanismos de defesa são formas do ego (ego é a parte racional da nossa personalidade e controla nossos instintos, é "a realidade nua e crua das coisas") proteger o que é tido como ameaça, ou seja que possa gerar sofrimentos, dor, seja difícil de suportar e etc. A defesa muitas vezes é tanta que chega a mudar a percepção interna da pessoa.

Alguns mecanismos de defesa são mais evidentes e outros menos, mas em uma terapia é possível ver muitos deles se apresentando.

“Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar.” Jacques Lacan

Veja que interessante, a Ana Freud, filha do famoso psicanalista Freud coloca que os mecanismos existem pelo “medo” do ego de regredir ao estado inicial de fusão com o ID, na hipótese da falha do Superego na tarefa de reprimir os impulsos.

Agora vamos entender os mecanismos de defesa mais estudados para compreender como nosso ego pode agir pra realmente proteger-se.
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O primeiro mecanismo é a repressão/ recalque, nesse caso o ego pegas os conteúdos e traz da consciência pra inconsciência.

"Tratava-se em todos os casos do aparecimento de um desejo violento mas em contraste com os demais desejos do indivíduo e incompatível com as aspirações morais e estéticas da própria personalidade. Produzia-se um rápido conflito e o desfecho desta luta interna era sucumbir à repressão a idéia que aparecia na consciência trazendo em si o desejo inconciliável, sendo a mesma expulsa da consciência e esquecida, juntamente com as respectivas lembranças”. Freud

“Talvez possa ilustrar o processo de repressão e a necessária relação deste com a resistência, mediante uma comparação grosseira, tirada de nossa própria situação neste recinto. Imaginem que nesta sala e neste auditório, cujo silêncio e cuja atenção eu não saberia louvar suficientemente, se acha no entanto um indivíduo comportando-se de modo inconveniente, perturbando-nos com risotas, conversas e batidas de pé, desviando-me a atenção de minha incumbência. Declaro não poder continuar assim a exposição; diante disso alguns homens vigorosos dentre os presentes se levantam, e após ligeira luta põem o indivíduo fora da porta. Ele está agora `reprimido’ e posso continuar minha exposição”. Freud

O próximo que vamos ver é a negação e esse é muito comum de vermos que é quando a pessoa se recusa a aceitar algo que fere o ego.

A racionalização, muito usada por pessoas que inteligentes, argumentativas é quando usa de desculpas ou ainda razões lógicas para justificar comportamentos, pensamentos e sentimentos que não aceita.

Temos a compensação que é o encobrir a fraqueza através da ênfase de outra característica mais aceita ou mesmo desejada.

Veremos então agora a reativa, que é quando se inverte o impulso desejado como quando alguém fala que detesta violência mas é altamente violento.

Muito comum de se ver é a projeção, que é quando a pessoa atribui os conteúdos psíquicos a outro.

Uma outra forma de defesa é o isolamento, que não é físico necessariamente, mas na terapia por exemplo ocorre quando separa um pensamento, recordação ou afeto de uma situação ou evento, evitando uma reação emocional.

A anulação ocorre quando cancela ou desfaz um sentimento ou ação indesejada, de forma simbólica, através de outra.

Depois temos a introjeção que é quando integra elementos de outra pessoa na estrutura do ego.
Podemos ver ainda a regressão que é quando o ego retorna a um estágio anterior do desenvolvimento e a fixação que ocorre quando uma pessoa não progride de maneira normal, parando em certa fase do desenvolvimento.

Agora vamos ver a sublimação, que é o mecanismo que redireciona a energia do impulso pra outra atividade socialmente aceita.

Temos a supressão que é um bloqueio consciente e voluntário de sentimentos e pensamentos que desagradam e a identificação que aumenta o valor do ego adquirindo características de um sujeito referência ou admirado.

E por fim o deslocamento faz parte, ele portanto é um mecanismo de defesa que trata de levar o consciente pra um caminho associativo de energia.

Esse conceito esteve presente desde o surgimento da teoria de Freud sobre neuroses e esta ligada a uma independência relativa entre o afeto e a representação.
O deslocamento ocorre quando o id quer fazer algo que o superego não permite. Então o Ego encontra outra maneira de liberar a energia psíquica do Id, ocorrendo assim a transferência de energia de objeto ou pessoa para uma outra pessoa ou objeto aceitável.
Muito comum de se ver em sonhos mas nada impede de ficar claro também em nosso dia a dia, ou na terapia, como no exemplo que se inicia esse artigo.

“O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente” (Freud)
"O sonho é uma tentativa de satisfazer um desejo" (Freud)

Por fim então conclui-se de forma simplificada que o deslocamento é um mecanismo de defesa do inconsciente em que a mente transfere uma reação emocional de um objeto ou pessoa para outro objeto ou pessoa e por ser uma defesa a alguma coisa na terapia o que se faz é exatamente alcançar essa "coisa", trazendo para consciência, e assim é possível tratar e viver um realidade mais plena.

Autora Nathalia Andrade do site:

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